quinta-feira, 26 de agosto de 2010

JORNAL DE AMARANTE 09/11/2006

By Armindo Mendes


Costa Neves apresentou o seu primeiro livro
Sala da Biblioteca encheu-se para ouvir o autor


O auditório da Biblioteca Municipal Albano sardoeira encheu-se para assistir à apresentação do livro “Histórias do Covelo – Do Terreiro das Navarras ao Terreiro do Paço”.


Coube a António Cardozo, director do museu Amadeo de Souza-Cardoso, fazer a apresentação do primeiro livro editado por Costa Neves, que considerou o título daquela obra literária “bastante sugestivo”.


“Costa Neves apresenta-nos um livro que tem a ver com um ciclo de memórias vividas”, anotou, prosseguindo, a propósito dos relatos no livro sobre o Covelo, que, segundo documentos da idade media, Amarante era uma “rua comprida”.


“Amarante era uma rua com vida”, salientou, citando algumas das memórias que Costa Neves relata à volta das vivências antigas na rua do Covelo.


Referindo-se ao Covelo como uma rua de passagem, António Cardoso recordou a sua infância em que vindo do Salvador por ali passava todos os dias para o colégio.


“O Covelo tem a ver com ligações e religações sentimentais, afectivas e territoriais”, considerou.
“Acabamos por ser implicados no livro, pois o Covelo acaba por ser também para todos nós um território das nossas vivências”, disse ainda.


“Vemos neste livro um mosaico de intenções respondendo a um memorialismo que é querido au autor, mas é também um livro que pressupõe outras leituras”, prosseguiu.


“Nas entrelinhas consegui ler um estudo histórico, sociológico”, afirmou, enquanto salientava que o autor utiliza um discurso directo como sempre o caracterizou na vida.


António Cardoso falou ainda de algumas figures retratadas no livro, umas mais populares do que outras, mas todas referências da sociedade amarantina.


Na sua intervenção, Costa Neves começou por se assumer como “um contador de histórias”.


Costa Neves, de pé, com o seu jeito solto e espontâneo, deixou-se lever pelas emoções das memórias que lembrou desde os tempos de menino.


Cantarolando, parafraseou algumas rimas que aprendera, ainda menino inocente, primeiro com os ceguinhos antes de ir para a escola e depois com o professor Costinha, que lhe ensinou os primeiros versos de Pascoaes.


“Quem ler o meu livro vai verificar que há uma ligação acentuada à minha infância”, disse com alguma nostalgia dos longos anos que entretanto passaram.


Entre palavras e algumas cantigas, Costa neves deliciou-nos com várias das memórias que compõem o livro.


No início da sessão de apresentação do livro falou Mário peixoto, presidente do Grupo de Amigos do Museu Amadeo de Souza-Cardoso, que manifestou grande congratulação pela edição daquele livro. “As nossas ruas estão cheias de vivências e histórias e o Covelo é talvez das mais ricas”, disse a propósito, realçando que aquela edição assume um papel fundamental na transmissão dessa cultura que está viva e é necessário manter viva.


Sobre Costa Neves, referiu que é uma “pessoa que respire cultura”.


Mário Peixoto terminou afirmando que o livro é “uma importante contribuição para a cultura amarantina”.

TRIBUNA DE AMARANTE 25/09/2006

By ANTONIO PEDRO

António Peixoto da Costa Neves, do seu nome, Costa Neves assim lhe chamam os grandes amigos, Né do Covelo assim era conhecido nos seus tempos de rapaz pelos seus colegas de toda a espécie, quando se ganhavam e perdiam as “guerras” na ínsua dos Frades o “paraíso da ganapada” acaba de editar um livro que jávinha sendo dado a conhecer nas páginas da imprensa amarantina: “Do Terreiro das Navarras ao Terreiro do Paço”. Nasceu no Covelo, em cepelos, a 20 de Março de 1924.


É um livro cheio de histórias de Amarante, do Covelo, de muitas partes da nossa cidade, onde se retratam muitas das figures que por aí andaram nos tempos áureos (para o tempo) de Amarante e também de outras histórias onde se refere à sua vida na Caixa Geral de Depósitos, e daí o título.


Quem o ler, vai recorder pessoas que conheceu, histórias em que tomou parte, vai chorar de alegria e de tristeza, vai rir, certamente noutras ocasiões e vai dizer certamente, quando acabar de o ler que value a pena alguém “vir a terreiro” com tanta coisa que estava esquecida. E nós, já quase velhos, mas ainda muito mais novos no tempo e que conhecemos muitos dos “artistas” destes filmes que vamos lendo todos os dias e também sabemos algumas histórias iguais ou parecidas. “Emigrantes” no Covelo temos que dizer que value a pena o esforço do Né (desculpe a ousadia) para trazer este livro aos amarantinos e muito mais às gentes do também já mais que nosso Covelo.


E, por isso mesmo, não podemos, ninguém poderá, seja lá de onde for e onde estiver, contrariar aquilo que vem nas primeiras páginas e que um dia foi escrito por Teixeira de Queiroz (o Literato) assim lhe chamavam os mais velhos e que conhecemos quando andava pela “Flor do Tâmega” com o seu livro “a mulher que destruiu o amor”, algum tempo antes de embarcar para o Brasil, onde faleceu, quando se preparava para regressar a Amarante, certamente uma terra que ele até já teria dificuldades em conhecer.

Quando for precisa vida,
Alegria sã, desvelo,
Não há gente mais garrida,
Mais simples, divertida,
Do que a gente do Covelo.
Teixeira de Queiroz

Não há verdade maior que esta, apesar de hoje od do Covelo já nem de cá serem e, naturalmente a adaptação foi muito mais difícil.


No livro, que temos a certeza sera um êxito junto dos amarantino a até principalmente das gentes do Covelo, há muitas histórias, entre elas algumas referents a uma figura que foi ímpar na nossa terra – o SEIXAS – de que todos, quase de certeza ouvimos falar e até conhecemos alguma história, principalmente aquela das “alminhas pintadas que fugiam para o Céu”.

Parabéns Costa Neves. O seu livro é “Amarante Antiga”.